TEXTO COMPLEMENTAR
“Planeta perde 70 espécies de vida por dia”
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“O Estado de São Paulo”, domingo, 17 de dezembro de 1995.
Biólogos alertam para destruição sem precedentes nos últimos 50 milhões de anos
DER SPIEGEL
Era uma vez a Trilidea adamsi, uma bela flor na selva neozelandesa, com formato de tubos vermelhos e frutas cor de fogo. É possível que nessa flor existisse uma substância capaz de curar a AIDS, o câncer ou um dermatite qualquer. Mas ninguém saberá ao certo. Em 1954, floresceu o último exemplar da espécie.
A flor sumiu aos poucos. A princípio, ocorreu uma diminuição do seu espaço vital. Os moradores nativos e os imigrantes europeus destruíram as florestas. Com o desaparecimento das árvores, sumiram também os pássaros que se encarregavam de espalhar as sementes. Finalmente, as plantas foram atacadas por uma raposa que os ingleses trouxeram da Austrália.
A morte desta flor neozelandesa foi o ato final de um drama que está se repetindo em milhares de outros lugares. Está ocorrendo uma mortandade em massa de espécies, sem precedentes nos últimos 50 milhões de anos: por hora morrem três espécies, calcula o biólogo evolucionista Edward Wilson. São mais de 70 espécies por dia, 27 mil por ano. Cada espécie representa um produto único e irrecuperável da vida, desenvolvido no decorrer de milênios.
Ameaça Cerca de 25% das espécies estão ameaçadas de morte nos próximos 25 anos, segundo pesquisadores do Nacional Science Board dos Estados Unidos. O ex-diretor geral de Agricultura e alimentação (FAO), Edouard Saouma, diz que “o futuro da humanidade pode depender do sucesso na defesa da multiplicidade de espécies e de como esse material pode ser usado sem prejudicar a natureza”.
As flores, da mesma maneira que os insetos e as cobras, levam consigo substâncias aromáticas, hormônios e venenos quando desaparecem. Cada uma dessas substâncias é um precioso medicamento em potencial. Além disso, com a perda de cada espécie, o homem prejudica o delicado equilíbrio biológico, que permite a multiplicidade da vida.
Como é possível salvar milhões de espécies ameaçadas pelo Homo sapiens? Justamente nos países onde a natureza mais precisa de proteção, a miséria dos habitantes é maior. E quem pode forçar os moradores do Terceiro Mundo, em nome de algumas libélulas ou papagaios, a desistir de pastos ou de campos agrícolas?
É por isso que mais biólogos exigem uma reforma radical na proteção da natureza. Segundo o botânico suíço Peter Edwards, “a questão não é saber o que a proteção da natureza nos custará, mas o preço da destruição da biodiversidade”. Os pesquisadores vêem aliados nos grandes grupos farmacêuticos. “Para a indústria farmacêutica, a natureza é uma mina de ouro”, comenta a pesquisadora Lynn Caporale, dos Laboratórios Merck. Sua empresa assinou um contrato com o Instituto de Multiplicidade Biológica (Inbio) de Costa Rica. Em troca de uma verba de US$ 2 milhões, o Imbio coleta plantas e animais e envia seus extratos para o setor de pesquisas da Merck.

Figura 23 - Uma das 4 espécies de tartarugas marinhas brasileiras, morta na praia.
“Era uma vez um grão de onde cresceu uma árvore que foi abatida por um lenhador e cortada numa serração. Um marceneiro trabalhou-a e entregou-a a um vendedor de móveis. O móvel foi decorar um apartamento e mais tarde deitaram-no fora. Foi apanhado por outras pessoas que o venderam numa feira. O móvel estava lá no adeleiro, foi comprado barato e, finalmente houve quem o partisse para fazer lenha. O móvel transformou-se em chama, fumo e cinzas. Eu quero ter o direito de refletir sobre esta história, sobre o grão que se transforma em árvore que se torna móvel e acaba no fogo, sem ser lenhador, marceneiro, vendedor, que não vêem senão um segmento da história”. (Edgar Morin)

Figura 24. - Área com reflorestamento.
O reflorestamento é uma atividade vital
para a preservação das florestas nativas,
pois a madeira ainda é um recurso
fundamental para a humanidade.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL X EDUCAÇÃO NO AMBIENTE
Constantemente, Educação ambiental é confundida com uma simples observação do ambiente em seu estado original ou intocado. É claro que para atuarmos na melhoria ou recuperação uma determinada área degradada, precisamos conhecer um pouco das complexas relações ecológicas existentes no mesmo anteriormente. Também é ilusão acharmos possível a reconstituição de toda a diversidade de vida em uma área degradada.
Essas afirmações são importantes para entendermos que a educação ambiental não deve tratar somente de aspectos relacionados ao ambiente natural, como também ao ambiente urbano e social.
Muitas vezes, esquecemos que ambiente como já foi dito acima, não representa somente áreas naturais, onde existam árvores e animais silvestres; nós seres humanos, por exemplo temos o nosso habitat, que é a cidade. Dentro da cidade por sua vez, temos vários outros ambientes nos quais trabalhamos, nos divertimos, temos aulas, e etc.
Para refletir “Educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais – em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais

Figura 25. Neste sentido, podemos definir o conceito de ecossistema artificial, o qual seria segundo a UNESCO “um componente do Ambiente Total (Natural), formado pelos produtos da intervenção do homem sobre o ambiente natural, visando o seu bem estar”. O nosso lar, é o melhor exemplo de ecossistema artificial, ou seja um ambiente criado visando o nosso próprio bem estar. Dentro do nosso lar encontramos vários ecossistemas artificiais, como um vaso, por exemplo.
ATUAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Podemos definir três ambientes distintos para a atuação da Educação Ambiental, e dentro destas possíveis linhas.
1) Ambiente Natural
Desenvolvimento sustentável;
Revegetação/reflorestamento;
Extinção/perda de biodiversidade/Conseqüências;
Trilhas interpretativas;
2) Ambiente social
Cidadania/respeito a valores sociais tais como família, símbolos da pátria, religião, etc.
A importância da vida em sociedade;
Miséria e suas conseqüências ambientais;
3) Ambiente urbano
Deterioração da qualidade de vida nas cidades;
Tratamento dos nossos próprios dejetos. Que fins os levam?
De onde vem a água que bebemos?
Para onde vai o lixo que jogamos?

Figura 26. - O crescimento exagerado e desordenado das grandes cidades,
acaba levando a marginalização e as populações carentes a estabelecerem
grandes de favelas.
Dos seis bilhões de habitantes do globo, cerca de 40% vivem hoje em áreas urbanas. No ano 2000 metade desta população estará nas cidades, e em 2034 as cidades abrigarão 65% da população global. Essa tendência à urbanização vem acompanhada de uma outra - a marginalização de toda ordem em relação a um padrão urbano de vida. Esse paradoxo se faz sentir mais acentuadamente nos países do Terceiro Mundo, que abrigam 75% da população mundial, com parte significativa de seus habitantes urbanos vivendo em situação de marginalidade psicossocial e cultural, aglomerados em invasões (favelas). (Dias, G. F)
ECOLOGIAAQUI VOCÊ ENCONTRARÁ OS SEGUINTES TEMAS:
- ECOLOGIA;
- ECOSSISTEMA;
- ESPÉCIE;
- POPULAÇÃO;
- COMUNIDADE;
- BIOSFERA;
- BIODIVERSIDADE;
- FLUXO DE ENERGIA
O que é ecologia?
1) Ecologia - definição
2) Ecossistema - definição
3) Exemplos de ecossistemas: - Terrestre - Aquático - Outros
1) ECOLOGIA: ECOSSISTEMA
Ecologia, uma rápida definição:
Ecologia é um conceito que a maioria das pessoas já possui intuitivamente, ou seja, sabemos que nenhum organismo, sendo ele uma bactéria, um fungo, uma alga, uma árvore, um verme, um inseto, uma ave ou o próprio homem, pode existir autonomamente sem interagir com outros ou mesmo com ambiente físico no qual ele se encontra. Ao estudo dessas inter-relações entre organismos e o seu meio físico chama-se Ecologia.
Mas, para termos uma definição histórica: “Pela palavra ecologia, queremos designar o conjunto de conhecimentos relacionados com a economia da natureza - a investigação de todas as relações entre o animal e seu ambiente orgânico e inorgânico, incluindo suas relações, amistosas ou não, com as plantas e animais que tenham com ele contato direto ou indireto, - numa palavra, ecologia é o estudo das complexas inter-relações, chamadas por Darwin de condições da luta pela vida”. Foi assim que Ernest Haeckel, em 1870, definiu ecologia.
Assim, como em qualquer outra área, em Ecologia são definidas unidades de estudo, as quais são fundamentais para melhor compreensão desta Ciência. Utilizando-se um modelo de níveis de organização, fica mais fácil de compreendermos as unidades de estudo da Ecologia. Vejamos o modelo abaixo dos níveis de organização:
2) O que é um Ecossistema?
Antes de definirmos, exatamente o conceito de ecossistema, o qual é fundamental para a compreensão desta ciência, podemos encontrar na figura 1, um outro conceito importante que é o de níveis de organização, o qual pode ser entendido como um conjunto de entidades, sejam elas genes, células, ou mesmo espécies, agrupadas em uma ordem crescente de complexidade. Veja o esquema:
genes -> células -> tecidos -> órgãos -> sistemas -> espécies -> populações -> comunidades -> ecossistemas -> biosfera
Em Ecologia, são estudados os níveis da direita, ou seja, de espécies até biosfera. É fundamental, entretanto uma breve explicação de cada uma destas divisões (unidades ou entidades):
Figura 2

A - Espécie;
B - População;
C - Comunidade;
D - Ecossistema.
A - Espécie - dois ou mais organismos são considerados da mesma espécie, quando podem se reproduzir, originando descendentes férteis. Desta forma, fica claro que, a menos que haja a intervençãohumana, como no caso do jumento e da égua, naturalmente não ocorre reprodução entre indivíduos de espécies diferentes.
B- Populações - são formadas por organismos da mesma espécie, isto é, um conjunto de organismos que podem se reproduzir produzindo descendentes férteis.
C- Comunidades - um conjunto de todas as populações, sejam elas de microorganismos, animais ou vegetais existentes em uma determinada área, constituem uma comunidade; também se pode utilizar o conceito de comunidade para designar grupos com uma maior afinidade separadamente, como por exemplo, comunidade vegetal, animal, etc.
Antes de definirmos o próximo conceito, é fundamental entendermos dois parâmetros importantes em Ecologia; a todos os componentes vivos de um determinado local chamamos bióticos; em contrapartida, o conjunto formado por regime de chuvas, temperatura, luz, umidade, minerais do solo enfim, toda a parte não viva, é chamada de componentes abióticos.
D- Ecossistemas - em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar, caatinga, mata atlântica ou floresta amazônica, a todas as relações dos organismos entre si, e com seu meio ambiente, ou dito de outra forma, a todas as relações entre os fatores bióticos e abióticos em uma determinada área, chamamos ecossistema. Ou de outra forma, podemos definir ecossistema de acordo com o modelo 1 acima, como sendo um conjunto de comunidades interagindo entre si e agindo sobre e/ou sofrendo a ação dos fatores abióticos. Dentro do conceito de ecossistema, ainda cabe definirmos o conceito de hábitat, pelo qual entendemos o ambiente físico o qual ocorre(m) uma(s) determinada(s) espécie(s). Ex.: O hábitat do lobo guará é o cerrado.
Biosfera - A terra é composta por vários ecossistemas sejam eles aquáticos, terrestres ou até mesmo aéreos. A soma de todos estes ecossistemas chamamos de biosfera. Portanto, a biosfera seria a parte na qual ocorre vida no planeta e na qual a vida tem o poder de ação sobre o mesmo.
VOCÊ SABE O QUE É BIODIVERSIDADE?
Biodiversidade é um conceito recentemente introduzido dentro da ecologia, com a crescente preocupação ambiental atingida nos últimos anos. Significa diversidade, ou seja, o número de espécies diferentes sejam elas animais, plantas e/ou microorganismos que compõe um determinado ecossistema ou mesmo o próprio planeta. Desta forma, toda a variedade de vida que compõe um determinado local, ou mesmo o próprio planeta pode ser chamada de biodiversidade.
NÃO CONFUNDA: Muitas vezes, o termo bioma é utilizado como sinônimo de ecossistema, no entanto ao contrário do segundo que implica nas inter-relações entre fatores bióticos e abióticos, o primeiro significa uma grande área de vida formada por um complexo de hábitats e comunidades, ou seja, apenas o meio físico (área) sem as interações. Ex.: Bioma cerrado, bioma mata atlântica.
VOCÊ SABE ONDE COMEÇA E TERMINA UM ECOSSISTEMA? QUAL O REAL TAMANHO DE CADA UM?
É difícil dizer onde começa ou termina um ecossistema, ou seja, qual ou quais os seus limites; entretanto para uma melhor compreensão e mesmo a possibilidade para investigações científicas existem algumas convenções adotadas. Assim, por exemplo, pode-se adotar inicialmente uma separação entre os meios aquáticos e terrestres. Desta forma, teríamos uma primeira distinção entre ecossistemas aquáticos e terrestres. Por ecossistema aquático, entenderíamos todos os lagos naturais, ou artificiais (represas), rios, mares e oceanos. Já em relação aos ecossistemas terrestres, florestas, desertos, tundras, pradarias, pastagens, etc. seriam exemplos.
Mas, e com relação às dimensões de um ecossistema? Para efeito de estudo, geralmente são determinadas o dimensões que não existem naturalmente, desta forma, um vaso, um aquário, ou mesmo uma cidade inteira são exemplos de ecossistemas criados pela ação humana, pois é interessante notar que nem sempre são. Assim fica claro, que um ecossistema pode ter desde alguns cm2 até milhares de km2!
VOCÊ SABE QUAL É O MENOR ECOSSISTEMA DO MUNDO?
Como foi explicado no texto, é muito difícil determinarmos as dimensões de um ecossistema específico. Por isso, um menor, ou o menor ecossistema seria aquele que se enquadrasse dentro das definições de ecossistema, e tendo as menores dimensões possíveis. Para exemplificar, uma gota d\'água contendo uma comunidade de microorganismos poderia ser se não o menor, com certeza um dos menores ecossistemas estando é claro esta gota sujeita as interações biológicas entre os microorganismos e entre estes e o meio físico, tal como luminosidade, temperatura, etc.
3) Exemplos de ecossistemas: terrestres e aquáticos
Para uma melhor compreensão, pode-se inicialmente separar os ecossistemas em duas categorias de acordo com o meio em que ocorrem: ecossistemas terrestres e aquáticos:
Para os ecossistemas terrestres poderíamos enumerar os seguintes:
Florestais - Podem ser formados no Brasil por vegetação de cerrado, caatinga, matas ciliares, mata atlântica e floresta amazônica; sendo caracterizados por apresentar uma grande estratificação, ou seja, existem plantas e animais ocorrendo em diferentes alturas (estratos);
Campos e pastagens - Compostos principalmente por vegetação rasteira onde predominam as gramíneas. A fauna por sua vez, é caraterizada pelo predomínio de animais herbívoros e granívoros (que se alimentam de grãos) tais como roedores (ratos), pequenas aves e cervídeos (veados).
Aspecto geral da vegetação de cerrado.

Formação vegetal característica do Planalto Central brasileiro, onde notam-se a presença de árvores de pequeno porte com troncos retorcidos e casca grossa e predomínio de vegetação rasteira

Aspecto do interior de mata-ciliar, ou floresta de galeria. Vegetação característica de margens de pequenos rios e córregos. Este tipo de vegetação é considerado atualmente, como uma área fundamental de preservação, pois está intimamente relacionado com a manutenção do fluxo e da qualidade da água. Por esta razão, as matas ciliares ou florestas de galeria são consideradas áreas de preservação permanente, ou seja, em hipótese alguma podem ser removidas para qualquer tipo de atividade humana.

Aspecto geral da Mata - Atlântica, que com mais de 3000 quilômetros de extensão, é um dos ecossistemas com maior diversidade de espécies do Brasil e do planeta. Para exemplificar esta riqueza, basta dizer de que cada duas árvores encontradas na mata Atlântica, uma só é encontrada nesta floresta. Ou seja, 50% das árvores só existem aqui e nenhum outro lugar do mundo.
Dunas - No Brasil, não existem desertos, e sim dunas que ocorrem em algumas regiões (Sul e Nordeste), e caracterizam-se por apresentarem solos arenosos, vegetação rasteira - porém escassa - e uma fauna pouco diversificada.

Aspecto geral das dunas. Formação caracterizada por pouca vegetação, e por sofrer forte influência do vento (eólica)
Já em relação aos ecossistemas aquáticos, teríamos:
Lagos - Aqui enquadram-se todos os ecossistemas de águas paradas, ou lênticos (de lenis, calmo); além de lagos, temos também represas e tanques .
Rios - Além dos rios, teríamos ainda riachos e mananciais; são chamados também de lóticos (de lotus, lavado).

Barragem, com lago artificial. Em países em desenvolvimento, como no caso do Brasil, a energia gerada através do represamento de rios (hidroelétricas) tem sido, e ainda será a principal fonte energética, devido à disponibilidade de recursos e o custo relativamente baixo.
Mares - Os mares são as regiões com a maior variedade de vida do planeta; pode parecer surpreendente, mas nem as florestas tropicais igualam-se as regiões litorâneas que também são chamadas de pelágicas.
Oceanos - Os oceanos, são grandes (cobrem 70% da superfície terrestre), profundos e contínuos, pois todos - Pacífico, Atlântico e Índico - são interligados; as principais características destes ecossistemas estão relacionadas as correntes, provocadas pelos ventos e a própria rotação da Terra, e também a salinidade;

Oceano Atlântico. Os oceanos e mares são as fontes mais ricas de vida do Planeta.
Existem também, uma série de regiões que não poderiam ser enquadradas nem como ecossistemas aquáticos, e nem como terrestres. Seriam:
Mangue - Na verdade, o correto chamar-se de manguezal e não mangue, pois a denominação vem da grande quantidade desta planta, ou seja, o mangue. Trata-se de um ecossistema pantanoso, constantemente alagado com uma vegetação arbustiva e uma fauna caracterizada pela grande presença de siris e caranguejos. O mangue ocorre geralmente junto a desaguadouros de rios e/ou próximos a praias.
Paredões rochosos e praias - Ambos ecossistemas são fortemente influenciados pela água do mar, seja através das marés, ou da pressão exercida pela água.
Brejos - Qualquer área que fique coberta por água doce, pelo menos em alguma época do ano é considerado um alagado; uma das espécies vegetais mais comuns neste tipo de ecossistema é a Taboa. Os brejos também são importantes, pois abrigam uma grande variedade de espécies de aves e mamíferos aquáticos ou semi-aquáticos.
Você sabe que as flores tropicais são importantes ecossistemas pela sua biodiversidade, além de outros fatores tais como, a manutenção de um regime pluviométrico e temperatura das vastas regiões na qual ocorrem. Na década de 70, um jornalista estrangeiro por ocasião de uma visita a Amazônica, querendo enaltecer a importância da floresta, afirmou que a mesma era o “pulmão do mundo”, sendo a responsável pela manutenção da taxa de oxigênio da atmosfera. Esta afirmação está incorreta. Você poderia dizer qual o verdadeiro “pulmão do mundo?".
As florestas tropicais são extremamente importantes para o planeta tanto pela sua biodiversidade, quanto pela sua importância para a manutenção das condições ambientais locais e globais, funcionando como um filtro para a poluição proveniente da emissão de gases. Também são fundamentais, na manutenção da temperatura e pluviosidade locais. Mas com relação a renovação e manutenção das taxas de oxigênio no planeta, são as algas azuis, principalmente as marinhas, quem cumpre este papel importante, pois por mais que seja alta a atividade fotossintética nas florestas tropicais, também é extremamente elevado o consumo de oxigênio nas mesmas.

Aspecto da praia e do mar, dois ecossistemas intimamente relacionados.

(a) e (b) Ambiente lótico, ou seja, de água corrente.
(c) Detalhe do interior de uma
caverna, ambiente este que é caracterizado pela ausência
total e permanente de luz.

- Lagoa de dessedentação. Este tipo de lagoa é chamado de dessedentação, pois é utilizada para dessedentar o gado. Dessedentar significa saciar a sede. Estas lagoas podem ser tanto naturais, como artificiais. Também são importantes, pelo fato de que como qualquer outro reservatório de água estarem sujeitos ao estabelecimento de organismos nocivos aos animais e também ao homem, pois várias doenças têm o seu ciclo passando pela água.

A - Brejo;
B - Manguezal.
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Fluxo de energia nos ecossistemas
Fluxo de energia nos ecossistemas
A luz solar representa a fonte de energia externa sem a qual os ecossistemas não conseguem manter-se. A transformação (conversão) da energia luminosa para energia química, que é a única modalidade de energia utilizável pelas células de todos os componentes de um ecossistema, sejam eles produtores, consumidores ou decompositores, é feita através de um processo denominado fotossíntese. Portanto, a fotossíntese - seja realizada por vegetais ou por microorganismos - é o único processo de entrada de energia em um ecossistema.
Muitas vezes temos a impressão que a Terra recebe uma quantidade diária de luz, maior do que a que realmente precisa. De certa forma isto é verdade, uma vez que por maior que seja a eficiência nos ecossistemas, os mesmos conseguem aproveitar apenas uma pequena parte da energia radiante. Existem estimativas de que cerca de 34% da luz solar seja refletida por nuvens e poeiras; 19% seria absorvida por nuvens, ozônio e vapor de água. Do restante, ou seja 47%, que chega a superfície da terra boa parte ainda é refletida ou absorvida e transformada em calor, que pode ser responsável pela evaporação da água, no aquecimento do solo, condicionando desta forma os processos atmosféricos. A fotossíntese utiliza apenas uma pequena parcela (1 a 2%) da energia total que alcança a superfície total. É importante salientar, que os valores citados acima são valores médios e nãos específicos de alguma localidade. Assim, as proporções podem - embora não muito - variar de acordo com as diferentes regiões do País ou mesmo do Planeta.
Um aspecto importante para entendermos a transferência de energia dentro de um ecossistema é a compreensão da primeira lei fundamental da termodinâmica que diz: “A energia não pode ser criada nem destruída e sim transformada”. Como exemplo ilustrativo desta condição, pode-se citar a luz solar, a qual como fonte de energia, pode ser transformada em trabalho, calor ou alimento em função da atividade fotossintética; porém de forma alguma pode ser destruída ou criada.
Outro aspecto importante é o fato de que a quantidade de energia disponível diminui à medida que é transferida de um nível trófico para outro. Assim, nos exemplos dados anteriormente de cadeias alimentares, o gafanhoto obtém, ao comer as folhas da árvore, energia química; porém, esta energia é muito menor que a energia solar recebida pela planta. Esta perda nas transferências ocorrem sucessivamente até se chegar aos decompositores.
E por que isso ocorre?
A explicação para este decréscimo energético de um nível trófico para outro, é o fato de cada organismo; necessitar grande parte da energia absorvida para a manutenção das suas atividades vitais, tais como divisão celular, movimento, reprodução, etc. O esquema a seguir mostra as proporções em biomassa, de um nível trófico para outro. Podemos notar que a medida que se passa de um nível trófico para o seguinte, diminuem o número de organismos e aumenta-se o tamanho de cada um (biomassa)

Quando faltam alimentos para animais ou plantas, qual a maneira mais rápida para que os
mesmos os obtenham?
Qualquer ecossistema, e conseqüentemente o maior deles que é a Terra, está sujeito constantemente a desarranjos perturbando os mesmos. Estas perturbações, de acordo com a intensidade, podem ser “absorvidas” pelo ecossistema sem que haja grandes danos para o mesmo. A esta constância dentro de um ecossistema, mantida por forças internas denomina-se equilíbrio ecológico. As forças internas são resultantes das complexas relações entre organismos e meio físico. Já a capacidade de resposta de um ecossistema a perturbações é chamada resiliência.
ASSOCIAÇÕES BIOLÓGICAS1) Introdução
2) Relações harmônicas
3) Relações desarmônicas
4) Tipos de interação e suas características
1) Introdução
Como já vimos, em um ecossistema os organismos estão constantemente interagindo entre si, ou seja, a existência de uma determinada espécie implica em prejuízo ou benefício de alguma outra; embora essas interações mesmo quando negativas, façam parte do equilíbrio natural. Ex.: As populações de roedores em todos os ambientes em que ocorrem são predadas por várias outras espécies, pois caso isso não ocorresse, teríamos ratos por todas as partes do planeta!
De uma forma geral, as relações entre os organismos são classificadas em harmônicas e desarmônicas.
2) Relações harmônicas
As relações harmônicas são aquelas em que pelo menos um dos organismos é beneficiado, sem é claro prejudicar o outro.
Podem ser entre a mesma espécie, ou espécies diferentes.
As primeiras entre seres de mesma espécie (intra-específicas) são:
- COLÔNIAS - Ex.: nas colônias, os indivíduos são ligados fisicamente, ou seja, vários indivíduos formando o conjunto que é a colônia. Neste tipo de relação pode ocorrer a divisão de trabalho ou não entre as partes. A caravela (celenterado) é um caso em que ocorre a divisão de trabalho. Recifes de coral, agrupamentos de bactérias, e o “bolor” do pão, correspondem ao caso em que não ocorre a divisão de trabalho.
- SOCIEDADE - Nas sociedades, os indivíduos não são unidos fisicamente entre si. São caracterizadas pela divisão de trabalho, como no caso dos cupins, formigas e abelhas.
Figura 20. Tronco de uma árvore no interior de uma mata, com vários liquens em sua extensão.

Figura 21. Tronco de uma árvore no interior de uma mata, contendo uma bromélia como inquilino.

Já em relação às espécies diferentes (interespecíficas), são as seguintes:
- MUTUALISMO - Nesta interação, as duas espécies envolvidas são beneficiadas e a associação é obrigatória para a sobrevivência de ambas. Um dos casos mais interessantes é o da associação entre algas e fungos, formando os liquens. Os fungos abrigam as algas, e são alimentados pelas mesmas.
- PROTOCOOPERAÇÃO - Nesta interação, as duas espécies envolvidas são beneficiadas, porém elas podem viver de modo independente sem que isso possa prejudicá-las. Um exemplo é a nidificação coletiva de algumas aves, tais como as garças.
- COMENSALISMO - No comensalismo, apenas uma das espécies se beneficia, sem, no entanto, prejudicar ou beneficiar a outra espécie envolvida. O urubu em relação ao homem é um bom exemplo, pois o primeiro alimenta-se dos restos (lixo) deixados pelo segundo.
- INQUILINISMO - Assim com no caso do comensalismo, também no inquilinismo, apenas uma espécie beneficia-se, sem no entanto prejudicar a outra. As bromélias (gravatás) e as orquídeas são um bom exemplo desta relação.
3) Relações desarmônicas
As relações desarmônicas, nas quais uma espécie, necessariamente é sempre prejudicada pela ação de outra, são as seguintes:
- COMPETIÇÃO - É uma relação na qual indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes disputam pelos mesmos recursos. Estes recursos podem ser alimento, espaço, luminosidade, etc. Exemplos:
por território: cães, lobos, pássaros;
por luminosidade: plantas de uma floresta;
por alimentos: insetos comedores de grãos e o homem.
- CANIBALISMO - O canibalismo é uma relação entre indivíduos da mesma espécie. No canibalismo, um animal mata outro da sua própria espécie para se alimentar. A aranha viúva-negra e a fêmea do louva-a-deus são exemplos de canibalismo. Em ambos os casos, as fêmeas devoram os machos após a cópula (ato sexual).
- PARASITISMO - O parasitismo é uma relação entre indivíduos de espécies diferentes, onde uma espécie beneficia-se prejudicando outra. no parasitismo a espécie beneficiada é chamada parasita, enquanto a prejudicada chama-se hospedeiro. Os parasitas podem viver sobre (ectoparasitas) ou dentro (endoparasitas) do corpo do hospedeiro. Exemplos:
o piolho e o homem - ectoparasita
a pulga e o cachorro - ectoparasita
a lombriga e o homem - endoparasita
- PREDATISMO - O predatismo é uma relação entre indivíduos de espécies diferentes. No predatismo, um animal mata o outro de espécie diferente para alimentar-se. É o caso das aves de rapina, das onças e do próprio homem. Animais que se alimentam de plantas também são predadores, como é o caso do gafanhoto, do boi, etc.
Existem plantas predadoras?
Resposta: As plantas também podem ser predadoras. Basta lembrarmos das várias espécies de plantas carnívoras, que neste caso atuam como consumidoras secundárias.

Figura 22. Coruja branca (suindara) alimentando-se de um rato silvestre predado. Esta coruja ocorre em todo o Brasil, e costuma viver nas cidades em forros de igreja ou construções antigas, recebendo por isso também, o nome de coruja-das-torres. Ela come diariamente em média, 4 (quatro) ratos, além dos mais variados tipos de insetos.
- AMENSALISMO - Nesta interação, uma das espécies, que nem se beneficia e nem se prejudica, elimina substâncias que inibem o crescimento ou a reprodução de outra. É o caso de bactérias patogênicas inibidas pelos antibióticos ou da fauna marinha inibida por dinoflagelados, quando ocorrem as marés vermelhas.
- NEUTRALISMO - As duas espécies são independentes; nenhuma delas tem influência sobre a outra.
CADEIA E TEIA ALIMENTARCadeia alimentar
Uma das relações mais complexas e necessárias à vida no Planeta é a alimentação. Plantas e animais precisam obter energia para a manutenção da vida. Os vegetais "fabricam" sua energia, ou seja, sintetizam seu próprio alimento (são autótrofos). Já os animais não conseguem seguir esse processo, tendo que obter essa energia de fontes externas, ou seja, comendo vegetais e outros animais. Essa busca pela sobrevivência origina a cadeia alimentar. A reunião de várias cadeias forma uma teia alimentar.

O planeta é grandioso e com um número quase infinito de vidas. Para habitarem o mesmo lugar (o mesmo Planeta), é necessário que, de alguma forma, haja uma interação entre essas vidas. Essas interações podem ser benéficas ou "maléficas". Colocamos "maléficas" (entre aspas) pois, ainda que julguemos de alguma forma cruel, é necessário obter uma fonte de energia. Muitas vezes classificamos um animal como "assassino" (a baleia orca, por exemplo), sem no entanto pararmos para pensar que ela simplesmente está dando continuidade à sua vida. Se, por ela se alimentar de animais, já fosse assassina, como deveríamos nos classificar, já que muitos humanos caçam e matam animais por simples esporte?
Vamos discutir um pouco sobre o processo que monta uma cadeia alimentar, e depois ver como uma reunião de cadeias forma uma teia alimentar.
A evolução do Planeta
O Planeta Terra não surgiu como o conhecemos hoje. Quando da sua formação, não tinha vida, mas apenas um globo em altíssima temperatura, cuja crosta era composta de lava. Era tão intenso o calor que o Planeta irradiava que qualquer associação química entre os átomos era inviável. Conforme o tempo foi passando, diversos fenômenos físicos fizeram com que a temperatura abaixasse, solidificando a crosta. À medida que o resfriamento prosseguia, as ligações químicas foram se estabelecendo entre os átomos e foi-se formando a camada gasosa de H2 e He, envolvendo o Planeta. Essa seria a nossa atmosfera original.
Muitas mudanças foram ocorrendo ao longo de milhares de anos, até que a atmosfera e a crosta possibilitaram o surgimento e acomodação de grande quantidade de água. Esse fato possibilitou a reunião de átomos de tal maneira que surgiram os primeiros seres orgânicos, denominados coacervados, que eram a reunião das primeiras proteínas simples formadas. Não sabemos até que ponto, porém, seria correto denominá-los seres vivos.
Acredita-se que os coacervados tenham sido os primeiros seres com uma forma "autótrofa" de vida. O acúmulo desses coacervados teria levado a uma falta de alimento, "obrigando" a um passo evolutivo importante, o surgimento de organismos heterótrofos. Com isso o Planeta foi evoluindo, os seres se aperfeiçoando... e chagamos até os dias de hoje.
Ressaltamos que a teoria dita acima (ou melhor, super-resumo da teoria) é uma das que tentam explicar a origem e evolução da Terra. Infelizmente, por muito tempo, ainda ficaremos no "pode ter sido assim", e não no "foi assim"...
Fizemos essa pequenina introdução sobre evolução para motivar o estudo sobre cadeias e teias alimentares. É importante notar que, desde esse estágio super primitivo de vida, algumas relações entre os seres vivos e os não-vivos já começaram a se estabelecer, e entre essas relações está a alimentação.
Consideremos que, a partir do surgimento dos primeiros seres heterótrofos, uma gama de seres autótrofos também foi se desenvolvendo e se aperfeiçoando. Esse fato possibilitou, então, a formação das primeiras cadeias alimentares.
A cadeia alimentar
Já sabemos que há o estabelecimento de uma ordem, uma relação, entre os seres vivos. Temos agora que organizar essa relação, em relação aos hábitos alimentares. Essa organização é o que vamos chamar de cadeia alimentar.
Podemos dar duas definições de cadeia alimentar, uma em relação aos seres vivos e outra em função da energia envolvida no processo. Podemos dizer então que:
1) cadeia alimentar é uma seqüência de seres vivos, na qual uns comem aqueles que os precedem na cadeia, antes de serem comidos por aqueles que o seguem;

2) cadeia alimentar é o sistema de transferência de energia dos produtores, representados pelos vegetais fotossintetizantes, através de uma série de organismos em estágios de comer e serem comidos.
Essas definições são bem simples, mas válidas para nosso estudo.
O processo se inicia com os seres autótrofos, ou seja, aqueles capazes de produzir seu próprio alimento. São esses seres as algas unicelulares (que constituem o fitoplâncton, a base da cadeia alimentar) e os vegetais mais desenvolvidos. Esses seres são essenciais à vida do Planeta, pois são os únicos que conseguem "originar" energia, ou seja, sintetizar compostos capazes de liberar energia (os açúcares). Esses seres são denominados como produtores, que pertencem ao nível trófico primário.
Em seguida, vem os seres vivos que se alimentam desses produtores, pequenos animais herbívoros, que denominaremos consumidores primários, que pertencem ao nível trófico secundário.
Logo após temos os animais de maior porte, que não mais se alimentam de vegetais (pelo menos como maior base de dieta), mas de animais (e que consumirão os pequenos animais herbívoros): são os consumidores secundários, que pertencem ao nível trófico terciário.

Depois, temos os animais de grande porte, que se alimentam de animais de pequeno e médio porte, que denominaremos consumidores terciários, que pertencem ao nível trófico quaternário.
Mas o que é nível trófico? É o nível de nutrição (trófico é relativo à nutrição).
A cadeia alimentar não termina com o consumidor quaternário. A matéria orgânica morta é alvo dos decompositores (bactérias e fungos), que são os responsáveis por devolver à cadeia essa matéria decomposta em sais minerais e outros produtos, que serão assim reutilizados pelos produtores. Fecha-se, então, o ciclo da cadeia.
Basicamente essa é a seqüência que temos nas cadeias alimentares da Terra. Como incitado acima, alguns animais podem ter alimentação mista, ora constituída por vegetais, hora por animais. Isso possibilita uma diversificação enorme de cadeias.
Temos, porém, que justificar essa cadeia, e a nossa segunda definição de cadeia alimentar será a nossa justificativa. Como os seres heterótrofos não conseguem sintetizar o próprio alimento (obtendo assim a própria energia), esses serem precisam buscar uma fonte externa dessa energia, pois sem ela não há vida. Um ser, então, vai se alimentando do outro, obtendo assim a quota necessária de energia para a manutenção de sua vida. É importante notar, porém, que muito da energia é "perdida" pelo caminho. Isso será alvo de um outro estudo nosso, as pirâmides (de energia, de massa etc.).
Observe as ilustrações de diversas cadeias alimentares.
O que devemos observar?
Há algo importante que deve ser observado com esse nosso pequeno estudo. Notemos que há uma dependência muito grande entre os seres de uma cadeia alimentar. O que ocorreria, então, se modificássemos a cadeia em determinado ponto? Tomemos uma cadeia simples como exemplo:

Analisemos a primeira cadeia: se o número de serpentes tiver uma significativa diminuição, o número de águias também irá diminuir, pois ficará sem alimento; em contrapartida, o número de aves aumentará, pois não terá serpentes suficientes para manter um número equilibrado de aves. Por outro lado, diminuirá drasticamente o número de gafanhotos, pois mais aves estarão se alimentando deles, tendo como última conseqüência um aumento exacerbado da vegetação. Analise você a segunda cadeia e trace as conseqüências obtidas com a diminuição do número de serpentes.
Moral da história: RESPEITE a Natureza: tudo o que ela pede é que a deixemos realizar suas tarefas para que mantenha um equilíbrio saudável para que possamos viver e conviver em harmonia.
A cadeia alimentar não mostra toda a complexidade das "relações alimentares" que existem num ecossistema (ecossistema é a unidade ecológica, o local em que há diversas interações entre seres vivos e não-vivos). Uma maneira mais completa de descrever essa complexidade é mostrada numa teia alimentar, que será estudada no próximo artigo. Depois das teias alimentares, estudaremos o trânsito de matéria e energia, fechando assim nosso estudo sobre alimentação.
Teia Alimentar

Como já abordamos o tema cadeia alimentar, podemos fechar esse tópico complementando-o com o conceito de teia alimentar.
Vimos como os animais e plantas podem fazer parte de uma cadeia alimentar. Porém, tais seres vivos não participam necessariamente de apenas uma cadeia, podendo pertencer, simultaneamente, a mais de uma. Aliás, essa é a situação mais verificada. Mais ainda, esses animais pertencem a cadeias alimentares diversas, e se posicionam em diferentes níveis tróficos.
Com esses comentários, podemos definir teia alimentar como uma reunião de cadeias alimentares. Ou, de outro modo, teia alimentar é o fluxo de matéria e energia que passa, num ecossistema, dos produtores aos consumidores por numerosos caminhos opcionais que se cruzam (ou seja, várias cadeias que se interligam). A teia alimentar representa o máximo de relações entre os componentes de uma comunidade,
Consideremos uma lagoa. Podemos observar nela uma cadeia alimentar, que seria:

Essa é uma cadeia simples, que não mostra a realidade dessa lagoa. Poderemos observar que as mesmas plantas que servem de alimento aos caramujos podem nutrir larvas de insetos e peixes herbívoros. Os peixes carnívoros comem não apenas os caramujos, mas também os peixes herbívoros e pequenos crustáceos. Peixes carnívoros, peixes herbívoros e rãs são comidos pelas aves da margem.
Como dissemos acima, alguns seres vivos, dependendo do que ingerem, podem ser considerados consumidores de vários níveis ao mesmo tempo. As aves da margem, por exemplo, ao se alimentarem de peixes herbívoros, são consumidores de segunda ordem; quando se alimentam de rãs, são consideradas consumidores de terceira ordem. Assim, ocupam simultaneamente dois níveis tróficos. Os decompositores (bactérias e fungos) podem ser considerados consumidores de várias ordens, de acordo com a origem do resto que eles degradam.
Vemos pois que a harmonia da vida têm como uma das principais bases as relações alimentares. Quando destruímos ou alteramos um habitat, estamos influenciando diretamente na alimentação dos seres desse local. Com isso, afetamos sua saúde.
Temos, entretanto, o costume de imaginar esses fenômenos ocorrendo em um campo, em uma fazenda, enfim em um local distante de nós. Mas... nós participamos de uma cadeia alimentar?? E os animais que vivem conosco, também participam??
Para participar de uma teia alimentar temos que estar inseridos em um ecossistema. No próximo texto, estaremos abordando um pouco sobre os tipo de ecossistema, como eles interagem entre si e como sua manipulação pode beneficiar ou prejudicar a vida dos animais e, também, a nossa.


Essas fotos mostram uma porção da mata Atlântica intacta e uma porção que foi devastada. Essa porção que foi devastada teve alterações de vários tipos, e certamente entre essas alterações temos as das cadeias e teias alimentares dessa região. Dependendo da extensão do "estrago" causado (seja por queimada, por desmatamento ou outras causas quaisquer), a alteração na teia alimentar é tão profunda que as regiões adjacentes, que não foram afetadas, começam a ser prejudicadas.
Devemos então perceber que uma alteração, por mais insignificante que pareça, pode prejudicar os seres vivos pertencentes ao ecossistema abalado e mesmo de ecossistemas próximos, mesmo que diferentes. Podemos conduzir esse raciocínio pois, abstraindo um pouco, o Planeta é regido por uma grandiosa teia alimentar, reunião de todas as teias existentes.
O grande "mal" é que as coisas acontecem num tempo relativamente longo para nós. Alguns prejuízos só são sentidos ao longo de algumas centenas de anos, ao passo que vivemos apenas décadas. Mas lançamos aqui uma questão: suponhamos que o planeta tenha 6 bilhões de anos. Analisemos sua vida até 600 anos atrás. Teremos uma visão. Agora, analisemos a vida do Planeta de 600 anos atrás até hoje... cabe aqui uma análise de amplo espectro, exercício que deixamos a você leitor.
Luigi Leonardo Mazzucco Albano
Aquarista dulcícula e marinho; comportamento de peixes em cativeiro; Cinofilia e Gatofilia; agapornis - São Carlos - SP